Instituto Tamanduá Synapse Cultural, Oscip
Sistemas Avançados de Catalogação, Pesquisa e Difusão Cultural pró-ativa via Internet

Projeto: Portal Catalogação e Difusão da Produção Editorial de Autoria Brasileira

Por Gabriela Dias e Julio Worcman
CC – http://InstitutoTamandua.org.br
Alguns Direitos Reservados - Consultar

Itens a serem catalogados e disponibilizados na 1ª fase do projeto:

145.000 fichas de livros de autoria brasileira
  50.000 textos de orelha e/ou 4ª capa
  50.000 Imagens das capas
    7.646 críticas ou resenhas
       350  biografias de autores brasileiros
        500 versões em inglês de textos de orelha e/ou 4ª capa
        500 versões em inglês de críticas ou resenhas

1. O Problema Atual

A produção bibliográfica brasileira tem sua catalogação feita de acordo com as normas CIP (Cataloguing-in-Publication, ou Catalogação na Publicação). Essas normas são aplicadas pelas editoras em cada nova edição de suas obras através da chamada “ficha catalográfica” – um resumo que permite a identificação bibliográfica da publicação.

A reunião dessas informações é feita na Fundação Biblioteca Nacional (FBN) por meio de dois cadastros: o da Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number) e o do Depósito Legal. Para que uma edição ganhe um número de ISBN, sua editora precisa preencher uma ficha de dados catalográficos e enviá-la à agência, que então associa um número ao título. Para que a mesma edição seja registrada no Depósito Legal, basta que a editora envie um ou dois exemplares gratuitos para o departamento homônimo da FBN.

Segundo a FBN, a base de dados gerada pela Agência Brasileira do ISBN é a maior fonte de informações reunidas sobre a produção editorial brasileira. No entanto, a comparação entre as estatísticas da agência para o ano de 2001 e os números da pesquisa CBL/SNEL sobre o mesmo ano revela um buraco de 40% no número de títulos cadastrados no ISBN (24.325) em relação à produção total informada às entidades setoriais pelas editoras (40.900). Para títulos em português, no mesmo ano, houve 37,5% a menos de registros na agência – um fenômeno que se deve a múltiplos fatores, entre eles o fato de as próprias editoras não consignarem um novo número de ISBN a cada nova edição dos livros em catálogo e de as editoras comprarem os números antecipadamente, mas não mandarem a ficha do ISBN preenchida depois.

A disponibilização on-line dos dados reunidos também é deficiente: atualmente, o site da FBN disponibiliza para consulta apenas o cadastro do Depósito Legal. Sua interface é complexa para leigos, apesar de um de seus objetivos confessos ser “proporcionar a todos o acesso a informações sobre a produção editorial no país”. Além disso, esse tipo de catalogação bibliográfica, muito resumida, não engloba dados menos “frios” sobre as obras, como imagem de capa e textos de introdução, orelha ou quarta-capa, nem informações objetivas como sinopse, faixa etária recomendada e temas transversais (as duas últimas muito relevantes para o setor de didáticos).

O sistema atual possibilita consultas apenas por assunto, autor, título ou número de ISBN, apesar de a ficha preenchida pelas editoras para cadastramento de cada título na agência ter informações detalhadas como tiragem inicial, nacionalidade do autor e do ilustrador (quando há), formato físico etc.

2. Nossa proposta

Tendo em vista as considerações acima, este projeto pretende acompanhar o setor editorial no seu caminho natural – o da catalografia –, mas de maneira a promover sua inserção em uma nova realidade: a da inclusão cultural e digital. Em outras palavras, não basta ter bases de dados e bibliotecários trabalhando nas trincheiras do sistema; é preciso torná-lo utilizável por todos (através de interfaces amigáveis) e conectá-lo aos outros setores da produção cultural brasileira.

Para atingir esse objetivo, sugere-se importar as bases de dados já mantidas pela FBN para um segundo repositório de informações, relativo apenas à produção de autores nacionais nos quatro subsetores. As bases da FBN poderiam ser mantidas à parte, no mesmo formato atual, para consulta do público especializado (bibliotecários), mas suas atualizações diárias seriam automaticamente exportadas também para o novo formato.

Para potencializar o relacionamento interativo com potenciais usuários, esse novo banco de informações seria complementado com dados como os mencionados acima (imagens das capas, textos informativos de orelha e 4ª capa, indicações por faixa etária e uso curricular etc.) e melhor estruturado para pesquisas pelo público em geral, além de totalmente integrado aos demais setores da produção cultural brasileira (música, cinema, artes plásticas, artes cênicas etc). Essa reunião se daria através do portal Synapses Culturais – Sistemas Avançados de Catalogação e Pesquisa e os novos dados seriam apurados junto às próprias editoras e através de consulta aos exemplares do Depósito Legal existentes na FBN.

O serviço pretende recolher, organizar e disponibilizar, inicialmente, informações e imagens relacionadas a cerca de 145.000 obras de autoria brasileira publicadas no século XXI, sendo:

  • Fichas completas de 145.000 livros, com dados dos autores, editoras etc.
  • Textos de orelha e/ou 4ª capa de 50% dos registros, ou 72.500 itens
  • Imagens das capas de 30% dos livros, o que equivale a 43.500 títulos
  • Textos críticos ou resenhas sobre  7.646 títulos
  • Mini-biografias de 350 autores brasileiros
  • Versões em inglês de orelhas e/ou 4ª capa de 3.823 títulos
  • Versão em inglês de críticas ou resenhas de 1.911 títulos

 

O Conselho Editorial do serviço estaria responsável também por definir períodos ou “movimentos” anteriores ao ano 2000, prioritários ou estratégicos na história da produção editorial nacional, para levantamentos à parte das informações adicionais, através de uma linha dirigida de editais do MinC para projetos de pesquisa na área de catalografia editorial. Os registros básicos desta catalografia já estariam parcialmente disponíveis no sistema, em estado “biblioteconômico”, através das bases da FBN importadas no Módulo 1 deste projeto.

Após integração inicial (v. Módulo 1) com a base de dados da FBN, as atualizações diárias seriam automaticamente exportadas para o novo formato.

Essa base seria complementada por uma equipe de pesquisadores que atuariam tanto na FBN quanto junto às cerca de 510 editoras economicamente ativas que, segundo a pesquisa CBL/SNEL 2002, respondem por aproximadamente 95% da produção e vendas do setor editorial brasileiro. As editoras e seus autores serão convidados e incentivados a requisitar senhas de acesso para inserir, eles mesmos, parte dos dados no sistema.

Junto às principais editoras filiadas ao SNEL, essa complementação poderia se dar também através de uma parceria com o Portal Editorial, site lançado pela entidade para intercâmbio de informações entre editoras, livreiros e distribuidores. O serviço de web implantado permite que os editores atualizem, ao mesmo tempo, a base de dados de seus sistemas internos de controle de títulos e a base do Portal Editorial com informações básicas como sinopse, imagem de capa, autor e título. Sua porção relativa a autores brasileiros poderia ser integrada e complementada pela equipe de pesquisadores do Synapses Culturais.

Todos esses registros estariam conectados entre si, de modo a permitir visualizar, por exemplo, o catálogo nacional de determinada editora, a bibliografia atual de todo autor brasileiro (em diversas editoras), o leque de autores de cada casa publicadora etc.

Itens a serem catalogados e disponibilizados na 1ª fase do projeto:

145.000 fichas de livros de autoria brasileira
  50.000 textos de orelha e/ou 4ª capa
  50.000 Imagens das capas
    7.646 críticas ou resenhas
       350  biografias de autores brasileiros
        500 versões em inglês de textos de orelha e/ou 4ª capa
        500 versões em inglês de críticas ou resenhas

 

3. Aplicações práticas e impacto sócio-econômico-cultural

  • Um usuário pode encontrar, rapidamente, o título, a editora (ou o autor, o assunto etc.) de um ou mais livros assinados por autores brasileiros e/ou extrair informações mais precisas sobre a produção nacional, como número de livros em brochura e capa dura, tiragens iniciais médias, formatos mais adotados etc.

 

  • Ou, ainda, visualizar e buscar elementos informativos do livro como imagens de capa, textos de orelha, quarta-capa, introdução, prefácio, sinopse etc.
  • Editores internacionais podem detectar e obter o contato do detentor dos direitos autorais sobre cada obra.

 

  • qualquer pessoa poderá saber se um livro está no catálogo ativo das editoras cadastradas; em caso negativo, o portal oferecerá duas possibilidades:
    • um sistema através do qual cidadãos interessados em adquirir uma obra esgotada cadastrem-se para ser avisados de nova tiragem ou edição, possibilitando aos editores rodar novas tiragens assim que o contingente viabilize economicamente uma operação de venda direta aos cadastrados (estimulando, assim, a economia do setor); e

 

    • um módulo opcional (a cargo do MinC) de localização da obra na rede nacional de bibliotecas públicas já integradas ao sistema da FBN
  • Leitores poderão pré-selecionar, reunir e arquivar obras de diversos interesses em “prateleiras virtuais”, consultar resenhas e críticas sobre obras, dar notas, ler e publicar comentários sobre seus livros preferidos e indicar, por e-mail, títulos individuais ou listas de “prateleira” para amigos.

 

  • Estudantes poderão saber mais sobre autores brasileiros lidos na escola, através de biografias resumidas e da visualização de sua bibliografia completa, com links para sua produção em outros setores culturais, quando houver, como, por exemplo, no caso de músicos que são também autores de livros (Chico Buarque e Tony Bellotto), ou de autores que são também cineastas ou roteiristas (José Roberto Torero). 
  • Escritores e público em geral conhecerão melhor os editores e profissionais creditados em cada obra, como capistas e revisores, entre outros, e contatá-los, quando o cadastro no site assim o autorizar.

4. Contexto

O livro brasileiro tem menos de dois séculos de história: sua trajetória se iniciou oficialmente em 1808, com a transferência da corte portuguesa e a instalação da Imprensa Régia no Rio de Janeiro. Antes disso, a impressão era proibida na colônia e a maioria dos livros era importada de Portugal, da Inglaterra e da França.

Nesses 195 anos de produção, o mercado editorial brasileiro passou por uma série de mudanças. Da fase inicial, marcada pela informalidade, pelo amadorismo técnico e pela pouca distinção entre editores e impressores, restam poucos traços no mercado especializado de hoje – que, de acordo com pesquisa anual divulgada desde 1992 pela CBL/SNEL (entidades oficiais da classe livreira), divide-se em quatro subsetores:

1) Livros didáticos (responsável por 32,2% da produção de títulos em 2002)
2) Livros técnico-científicos (28,4%)
3) Obras gerais (27,0%)
4) Livros religiosos (12,4%)

Em 2002, esses quatro subsetores foram responsáveis por um volume de 39.800 títulos, sendo 15.080 em 1a edição e 24.720 em reedições. Esses números são conseqüência do mesmo processo de profissionalização e segmentação que acarretou uma inversão radical na proporção entre livros traduzidos e de autores nacionais publicados no Brasil.

Se, cem anos depois da implementação do setor no país, os escritores daqui ainda tinham dificuldade para se fazer publicar, hoje a situação é inversa: cerca de 90% dos títulos editados ou reeditados anualmente e 95% dos exemplares produzidos têm copyright brasileiro.

Boa parte desses índices pode ser atribuída ao setor de didáticos, cuja produção de 12.800 títulos, em 2002, continha 12.700 livros assinados por autores nacionais, ou 99,2% do total. Nos demais setores, a mesma pesquisa indica que a proporção majoritária dos brasileiros se mantém, não chegando a menos do que os 78,4% registrados no segmento de religiosos (88,8% dos livros científicos, técnicos ou profissionais e 84,5% das obras gerais).

Equipe sugerida:

CONSELHO EDITORIAL  (Nomes sugeridos)

Paulo Rocco (proprietário da editora Rocco e presidente do SNEL)
Oswaldo Siciliano (proprietário da editora e livraria Siciliano e presidente da CBL)
Martha Ribas (proprietário da editora Casa da Palavra e diretora da LIBRE)
Fernando Sabino (autor best-seller e ex-proprietário de editoras como Sabiá e Editora do Autor)
José Mindlin (bibliófilo e principal colecionador de livros do Brasil)
Sonia Hirsch (autora-editora).

Direção da pesquisa e do portal Editorial:
Gabriela Dias, Gerente Editorial,  Ática - formada em Produção Editorial pela ECA/USP, com especialização em Eletronic and Print Publishing no Ithaca College em Nova York, acumulou, na última década, experiência tanto em produção de livros quanto em revistas e mídia eletrônica. Foi responsável, no ano de 2003, pelo lançamento de mais de 90 obras da Larousse, uma das mais importantes editoras da França e ajudou a criar o site Porta-Curtas, que recuperou parte da memória nacional sobre os curtas-metragens.

Por Gabriela Dias e Julio Worcman
CC – http://InstitutoTamandua.org.br
Alguns Direitos Reservados - Consultar