Instituto Tamanduá Synapse Cultural, Oscip
Sistemas Avançados de Catalogação, Pesquisa e Difusão Cultural pró-ativa via Internet

Projeto:

Portal Catalogação e Difusão da Produção Fonográfica de Autoria Brasileira

Por Cristina Dória e Julio Worcman
CC – http://InstitutoTamandua.org.br
Alguns Direitos Reservados - Consultar

Itens a serem catalogados e disponibilizados na 1ª fase do projeto:

75.500 Fonogramas
   4.000 capas de CDs onde ocorrem os fonogramas
   3.000 letras de música viabilizando buscas por palavras   
   3.000 trechos (30 segundos) de fonogramas para audiência na Internet
   1.000 mini-biografias de músicos
      700 resenhas de CDs
      700 resenhas vertidas para Inglês
       500 fotos de músicos
               Cadastro nacional de gravadoras
               Cadastro nacional de editoras musicais

1. O Problema Atual

Apesar de ser um dos grandes mercados mundiais da música, e um dos poucos que consome mais fonogramas nacionais do que estrangeiros, as informações e a memória da produção fonográfica brasileira continuam dispersas e desorganizadas. 

Somos um grande “País de Música”. Talvez o único país onde os direitos conexos são inalienáveis, como reza nossa constituição. Mas, espantoso… somos o mesmo país em que um cidadão não consegue saber em 10 minutos (e deveria conseguir) quais fonogramas foram gravados com a participação de determinado baterista, guitarrista, ou cantor, ou, ainda, quais as composições de determinado compositor que foram gravadas por um certo intérprete, e em que obras esses fonogramas estão. As gravadoras não mantêm as fichas técnicas de gravação depois do lançamento dos disco e as guias de rótulo não contêm informações completas. As informações se perdem… subtraem-se do domínio do público, ao qual deveriam pertencer.

O esforço de pesquisa na área musical, por enquanto, só está disponibilizado em livros e iniciativas isoladas de coleções relativas a períodos e/ou gêneros específicos.

Trata-se de uma situação  incompatível com os tempos modernos e as atuais demandas de informação, tanto no Brasil quanto no exterior, sobre um setor de apelo tão popular.

2. Nossa proposta

Partimos da recente experiência de sucesso do portal Porta-Curtas que, usando ferramentas interativas e de disseminação on-line de informações catalográficas sobre curta-metragens brasileiros, conquistou uma larga e crescente multidão de usuários-pesquisadores, no Brasil e no exterior.

O objetivo é suprir a carência de informações organizadas sobre a célula da indústria musical, o fonograma, através de um banco de dados virtual com informações completas relativas à música brasileira, como, por exemplo, músicos que participaram de determinadas gravações e instrumentos que eles tocaram, produtores musicais, estúdio de gravação, composições, editoras responsáveis pelos direitos, intérpretes, letras da canções (com buscas por palavras ou frases), gravadoras, CDs nos quais tais fonogramas estão ou informações relativas ao CD (como capista, a gravadora).

Após constuição um acervo relevante e significativo, o serviço disseminará entre os agentes culturais do setor (gravadoras, selos, editoras e produtores) senhas de acesso para inclusão remota de informações sobre suas novas produções, rompendo definitivamente com o processo crônico de perda das informações sobre a produção musical.

Sobre a produção anterior, o Conselho Editorial deste projeto deverá sugerir períodos relevantes  que o MinC elabore editais (concursos) regulares, como o objetivo de financiar projetos de pesquisa e levantamento catalográfico da produção fonográfica, a serem, paulatinamente, inseridos e disponibilizados no sistema.

Há, também, a intenção de formar uma rede entre instituições de pesquisa para que trabalhos acadêmicos sobre o tema passem a ter como um de seus destinos o sistema aqui proposto, gerando assim uma sinergia com os investimentos em pesquisa acadêmica do CNPq, Capes e outros órgãos de fomento.
 
Itens a serem catalogados e disponibilizados na 1ª fase do projeto:

75.500 Fonogramas
   4.000 capas de CDs onde ocorrem os fonogramas
   3.000 letras de música viabilizando buscas por palavras   
   3.000 trechos (30 segundos) de fonogramas para audiência na Internet
   1.000 mini-biografias de músicos
      700 resenhas de CDs
      700 resenhas vertidas para Inglês
       500 fotos de músicos
               Cadastro nacional de gravadoras
               Cadastro nacional de editoras musicais

 

3. Aplicações práticas e impactos socioeconômico-culturais do projeto:

A constituição de um banco de dados que centralize as informações sobre os fonogramas músicais produzidos no Brasil trará ao público em geral, e ao profissional do ramo, um número infindável de possibilidades de uso.

  • O público entusiasmado, por exemplo,  por um certo guitarrista ou baterista, poderá, em instantes, verificar outras  gravações ou CDs que contaram com sua participação, e encontrar os CDs nos quais tais fonogramas ocorrem, estimulando a circulação de informações e, conseqüentemente, o mercado musical em si.
  • O público poderá armazenar informações de fonogramas em sua “discoteca virtual”, dar notas aos fonogramas, comentar, ler comentários de outros usuários, mandar sugestões para amigos por e-mail e outras formas de interação com as fichas catalográficas.
  • Professores de Português ou literatura poderão juntar letras de músicas que contenham uma palavra em discussão, ou que servem para a abordagem de certo tema em classe.
  • Um músico de Recife, por exemplo, poderá identificar no sistema um produtor musical e determinado músico de uma faixa que lhe agrada e convidá-los para produzir e gravar seu próximo fonograma, em um estúdio independente local, estimulando a circulação nacional de artistas e técnicos, além da disseminar seus saberes.
  • Um selo independente do exterior poderá facilmente selecionar e contatar editoras e gravadoras de fonogramas de seu interesse, estimulando a geração de divisas em royalties do setor.
  • Um melômano poderá saber se um título está no catálogo ativo das gravadores ou selos cadastrados. Em caso negativo, o portal disponibilizará uma ferramenta através do qual pessoas interessadas em adquirir um CD esgotado possam se cadastrar para serem avisadas de uma nova tiragem ou edição, possibilitando às gravadoras rodar novas tiragens, assim que o contingente viabilize economicamente uma operação de venda direta aos cadastrados. Estimula-se, assim, a economia do setor.

 

4. Contexto

Da primeira gravação, em 1902,  aos dias de hoje, muita coisa mudou no mercado fonográfico brasileiro.

Se do nascimento da indústria do disco – com as bolachas de 78 rotações – até a  entrada do CD (compact disc) no mercado todas as gravações saiam de algumas poucas companhias fonográficas (em sua maioria, multinacionais que se instalaram no país), hoje, com a modernização e facilidade de acesso aos equipamentos de gravação e com a proliferação de estúdios caseiros, cresceu muito a produção de fonogramas e discos gerada no chamado “mercado independente”. Contudo, não existem estatísticas confiáveis do número de gravações feitas no país desde então. Mas, considerando que a música brasileira é tida como uma das mais importantes e produtivas do mundo, podemos dizer que este número chega à casa de milhões de fonogramas, em mais de 100 anos de indústria no Brasil.

Foi em 1902, com o famoso tema lundu intitulado Isto é Bom, escrito pelo músico Xisto Bahia e cantado por Baiano (Manuel Pedro dos Santos), que começou a história da indústria da música no Brasil. Até então, o comércio de música era feito pela compra e venda de partituras.

Essa história de pioneirismo está intimamente ligada à Casa Edison, a primeira gravadora brasileira. Fundada, em 1900, estabeleceu-se, primeiramente, para comércio de equipamentos de som, máquinas de escrever e das primeiras geladeiras no mercado carioca. Com  a importação de gramofones e a vinda de um técnico alemão, foi instalada uma sala de gravação na Rua do Ouvidor. Ali gravaram-se os primeiros discos brasileiros, ainda prensados na Europa.

Até 1903, a Casa Edison produziu três mil gravações, conferindo ao Brasil o terceiro lugar (à frente os Estados Unidos e a Alemanha) no ranking mundial  de produção de fonogramas. O fundador da Casa Edison, Fred Figner, enriqueceu, tornando-se proprietário de tudo o que se produzia em música brasileira. Montou, então, o primeira esquema de varejo do Brasil, com ramo de distribuição em todo o país: filiais, vendedores pracistas, anúncios e catálogos.

Em 1912, a International Talking Machine - Odeon instalou uma fábrica de prensagem de discos no Rio de Janeiro e Fred Figner tornou-se vendedor exclusivo da multinacional. Um ano mais tarde, a fábrica Odeon, a maior da América Latina, começou a produzir um total de 1,5 milhão de discos por ano, ou seja, contribuiu para que o Brasil fosse o quarto maior mercado de discos do mundo.

A partir de 1920 popularizam-se, no Rio e em São Paulo, o gramofone e as vitrolas e,  no anos de 1930 a 1950 (conhecidos com a “Era do Rádio”), a revelação de um infindável número de músicos, compositores e cantores extremamente populares – todos gravando e vendendo seus sucessos, cada artista uma média de um disco por ano – fez o “mercado” de música brasileira ampliar-se a cada ano. É nesse período que, com a gravadora Sinter, responsável pela fabricação dos primeiros Long Plays, a chamada Música Popular Brasileira começa a ser um negócio rentável, atraindo multinacionais para o Brasil, como a Columbia, a RCA Victor, a Philips e Continental, entre outras.

Em 1956, a CBD inicia a fabricação de discos de 12 polegadas e, em 1957, é pioneira, mais uma vez, lançando no país o disco estereofônico. Dois anos depois, é criada a CID, gravadora nacional ainda em atividade, numa das mais longas histórias de independência das majors.

O fenômeno da internacionalização de nossa indústria fonográfica (isto é, da incorporação ao esquema mundial de lançamento e promoção de músicos populares) ganhou corpo a partir da década de 1970. Até então, podemos dizer que o Brasil ainda mantinha um esquema quase artesanal de produção, pautado pela descoberta de novos talentos e contratação de um cast fixo de intérpretes consagrados pelo gosto popular. A "nova era do disco" parece ter sido iniciada por meio de uma poderosa aliança envolvendo os meios de comunicação, os profissionais de marketing e, é claro, os produtores fonográficos.

As estratégias e táticas desenvolvidas pela indústria do disco foram sistematizando-se com uma eficácia crescente, resultando um aumento vertiginoso das cifras e a absorção de selos brasileiros por companhias multinacionais.

O ano de 1988, com a fabricação dos primeiros CDs no Brasil, marca uma das mudanças mais radicais no mercado, ocorrendo o mesmo fenômeno que  havia tido início cinco anos antes em países do Primeiro Mundo. Em pouquíssimo tempo, aproximadamente quatro anos, estava decretada a morte do vinil e toda a produção passou a ser feita em CD. Além dos novos lançamentos, milhares de títulos antigos voltaram ao mercado no novo formato, fazendo os números de vendas do período crescerem mais do que o dobro dos anos anteriores.

Tudo isso, contudo, durou pouco. Ao analisarmos fenômenos como o crescimento da produção fonográfica independente, a pressão econômica exercida pela pirataria e o advento da internet como um novo e importante meio de difusão musical, percebemos um cenário assustador para o mercado brasileiro.

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