Instituto Tamanduá Synapse Cultural, Oscip
Projeto: Catalogação E Difusão das Artes CênicasMontagens Teatrais de Autoria BrasileiraPor Eduardo Wotzik e Julio Worcman Itens a serem catalogados e disponibilizados na 1ª fase do projeto:
1. O Problema Atual “Ignorância Zero”. É o que se pretende para esse país tão pobre. E o projeto Tamanduá vai escavar a terra Brasil e revolver de lá o alimento necessário para diminuir a fome de conhecimento a que o povo brasileiro vem sendo submetido há anos. “Vem para fazer o que nunca foi feito: catalogar a nossa produção cultural e abrir diálogo com tudo que contemporaneamente for sendo feito nesse País. Aos poucos o projeto revolverá as criações de anos passados, integrando-as ao presente. “O Projeto Tamanduá dará acesso às principais informações sobre nossa produção cênica, começando pelos setores de Teatro e Dança. “Registros dispersos são instrumentos de poder do qual as instituições se utilizaram, durante anos, para manter o homem com sede de conhecimento desestimulado, vagando por uma cultura que parecia inexistente. “Mas ela, a Produção Cultural, existe e resiste. E é chegado o momento de quantificá-la, organizá-la e colocá-la à disposição de todos, com clareza, orgulho, e estímulo ao conhecimento e ao fomento de novas produções e projetos. “Catalogar as informações sobre nossas produções artísticas, e mantê-las vivamente perenes e disponível para pesquisa 24 horas por dia, todos os dias, talvez seja um dos programas culturais mais importantes de que tenho ouvido falar em muitos anos, e por isso tem o meu apoio e interesse. “O Projeto Tamanduá organiza, e localiza nosso Teatro e nossa Dança no espaço e no tempo. É didático e, ao mesmo tempo, obra de arquitetura artística da informação das mais dignas e necessárias nesse país que padece(cia) de uma memória cronicamente tão fugaz”. Eduardo Wotzik 2. A Proposta Criar um portal que centralize as informações sobre as montagens teatrais, os textos de dramaturgos brasileiros e a atividade das companhias de teatro, a partir do conceito de inclusão digital. É necessário facilitar o acesso à informação para romper a barreira do saber/poder identificada pelo diretor Eduardo Wotzik. A centralização das informações num único lugar permite, também, a democratização do conhecimento, uma vez que para recolher dados dispersos em várias páginas da internet é necessário ficar muito mais tempo on-line, contribuindo para o aumento dos gastos de quem busca saber mais sobre um ator, um período da história do teatro ou uma montagem específica. A catalogação on-line da produção teatral brasileira será útil aos mais diversos setores da sociedade e não apenas a profissionais do ramo e especialistas. Permitirá, também, a divulgação de autores e espetáculos brasileiros no exterior, uma vez que, quando se procura um nome já conhecido como Nelson Rodrigues, é possível se chegar, devido à estrutura multitextual e de hiperlinks, a outros autores e outros produtores teatrais, além de gerar, também, interação com outras áreas da cultura, como a música, as artes plásticas, o cinema etc. O sistema tornará, por fim, os textos nacionais mais acessíveis ao grande público e a grupos nascentes de teatro, pois muitos desses textos, hoje, só estão disponíveis em bibliotecas especializadas, como é o caso, por exemplo, dos textos de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha, um dos maiores dramaturgos brasileiros. O sistema interativo do portal parte da experiência bem sucedida do www.portacurtas.com.br, onde foram registradas mais de 50 mil buscas em apenas 10 meses de existência e metade do acervo catalogado gerou ação ativa, como comentários, indicação para amigos, inclusão em cinematecas virtuais. A experiência do portal mostrou, também, como iniciativas desse tipo permitem o estabelecimento de parcerias com instituições e integração entre setores. Assim, o Portal Tamanduá de Teatro tentará firmar convênios com entidades preocupadas com a preservação da memória cultural brasileira como a SBAT e as bibliotecas da UniRio e do antigo IBAC. Itens a serem disponibilizados na 1ª fase do projeto: 5.000 montagens brasileiras
3. Aplicações Práticas e Impacto Sócio-Econômico-Cultural
4. Contexto Com a proclamação da independência, o teatro e a literatura em geral assumiram a função de formar a consciência e a identidade nacionais. Era preciso construir uma nação e o teatro tinha um papel estratégico nesse sentido, pois durante o século XIX, foi um dos principais centros de convergência e sociabilização nas grandes cidades brasileiras. Por isso, autores canônicos da literatura brasileira – como Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Manoel de Macedo e Gonçalves Dias – aderiram à essa tarefa, deixando-nos textos teatrais, embora pouca gente conheça, hoje, sua produção. A primeira grande companhia brasileira foi a de João Caetano, formada em 1833. A partir de então, abriu-se caminho para o surgimentos dos grandes atores e o culto à personalidade. Nas primeiras décadas do século XX, as pessoas iam ao teatro só para ver, em cena, atores como Procópio Ferreira, Gastão Tojeiro, Leopoldo Fróes. Cada um desses atores tinha seus próprios dramaturgos, que escreviam textos, cujos protagonistas eram personagens talhados para seu tipo. A montagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, dirigida por Ziembinski e encenada pelo grupo Os Comediantes, em 1943, foi um marco no teatro brasileiro. O naturalismo da interpretação, os cenários de Santa Rosa, a narrativa em três planos causaram espanto no público e inseriram, definitivamente, o teatro brasileiro na modernidade. As décadas seguintes consolidam a nova forma de fazer teatro, decorrente do Método Stanislávski, que fez aparecer uma quarta parede invisível, separando palco e público. Surge o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e o Teatro de Arena, companhias responsáveis pela formação de gerações de atores nacionais. Nos anos 60, o teatro vive um momento de engajamento político com o Teatro Oficina, o Centro de Cultura Popular (CPC) da Une e o Grupo Opinião. Até o governo militar entrar na linha dura e os direitos civis dos cidadãos serem ameaçados, a classe artística teve um momento próspero de discussão e mobilização social. Os anos 80 e 90 são de grande experimentalismo na área teatral e do surgimento da figura do diretor, como um co-autor da peça. A exemplo da direção no cinema, o diretor de teatro deixa de ser um encenador e passa a assinar a obra. Hoje, uma das informações principais para o público de teatro assistir a uma peça é quem dirigiu a montagem. Percebe-se, portanto, a importância do teatro na história do país não apenas como manifestação cultural, mas, também, como meio para construção da identidade nacional e/ou forma de resistência ao status quo. Apesar de o setor ser um dos mais organizados do país na área de cultura e já existirem textos, livros, antologias, arquivos de fotos e histórias do teatro, essas informações estão dispersas e nem sempre são de fácil acesso. Equipe sugerida: Conselho Editorial de Teatro (nomes sugeridos):João Bethencourt Por Eduardo Wotzik e Julio Worcman |